Abertura da Colheita da Soja festeja expectativa de maior safra do planeta
24/01/2020
Um dos principais eventos da agricultura brasileira recebeu 1,5 mil pessoas e mostrou a importância da soja para a economia do país.
O dia nem bem tinha amanhecido e a expectativa para a Abertura Nacional da Colheita da Soja, que aconteceu em Jataí (GO), nesta quinta-feira, dia 23, era de muita festa. O auditório lotado com mais de 1.500 pessoas, um recorde histórico para o evento, comprovou a importância e simbolismo do principal evento para a agricultura do país.
Mais uma vez a celebração foi contagiante, ainda mais com a perspectiva de que o país deve colher a maior safra de soja da história e, de quebra, se tornar o maior produtor mundial do grão, superando os Estados Unidos.
O otimismo dos participantes do evento era tão grande que as três colheitadeiras estavam lotadas com os líderes do agronegócio do país, entre eles: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, o secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, e o presidente da Aprosoja Goiás, Adriano Barzotto. Todos eles participaram da famosa ‘chuva de soja’, marca registrada do evento.
“Troquei o cavalo por uma colheitadeira e olha que pilotei bem, viu. O pessoal da Aprosoja já queria me contratar para a fazenda deles. Uma máquina super moderna que mostra que as indústrias também estão evoluindo ao passo do agronegócio brasileiro. Esse evento demonstra o respeito de todo o Brasil pelo produtor brasileiro, que planta com responsabilidade”, comentou o governador goiano, após descer da colheitadeira que realmente pilotava.
Brasil antecipa vendas 2021
Uma das palestras mais aguardadas pelos produtores de soja do país foi sobre a perspectiva de mercado, ministrada pelo presidente da consultoria Agroconsult, André Pessôa. Para ele, o Brasil não tem nada a temer sobre o acordo comercial entre China e Estados Unidos. Ele acredita que os brasileiros estão fazendo certo ao se anteciparem e já venderem a safra de 2021.
“Para esse ano, com o efeito do acordo entre a China e os EUA, a expectativa é vender 52 milhões de toneladas para a China e os EUA ampliem para 34 milhões de toneladas, sendo boa parte disso no segundo semestre. O primeiro semestre continuará sendo dominado por vendas do Brasil”, conta Pessôa.
Se a perspectiva até ao fim de 2020 não é tão ruim assim para os brasileiros, uma mudança no pensamentos dos produtores do país pode estar garantindo um 2021 tranquilo também. Pessôa acredita que os Estados Unidos devem produzir mais soja no ano que vem, até por um aumento de área prevista, passando de 30,6 milhões de hectares, para 34,3 milhões em 2020/2021.
“Ou seja, preocupação sim, mas nada de perder o sono. Os produtores do país foram muito competentes na comercialização para 2020, vendendo mais de 60% antes de iniciar a colheita, o que ajudará a enfrentar os desafios desse ano. Para 2021, já vendemos 6%, bem acima da média para o período. Então, os produtores brasileiros já estão se antecipando e diminuindo os riscos para 2021, pois já travaram vendas e trocas de insumos, prova de maturidade e evolução do produtor brasileiro no quesito”, diz.
Leia a reportagem completa abaixo:
Agricultura e meio ambiente
A imagem do agronegócio brasileiro no exterior também foi discutida durante o evento. O presidente executivo da Croplife Brasil, Christian Lohbauer, afirmou que existe uma “agenda do medo” contra o setor produtivo.
“Falam em Amazônia queimada, água poluída, alimentos sem segurança etc”, diz. De acordo com Lohbauer, a disputa é muito profunda, nasce na Europa e é importada por uma minoria do Brasil.
O deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), também participou da discussão e criticou a posição das lideranças mundiais em relação aos incêndios que atingiram a Amazônia em 2019.
“Há pouco o mundo dizia que estávamos queimando a Amazônia, que precisávamos combater os incêndios. E agora, a Austrália está pegando fogo e ninguém falou que esse incêndio precisa ser combatido, que é culpa do país. Então por que o Brasil é o único que tem obrigação de acabar com o fogo em um lugar que cabe a Europa inteira?”, questionou Alceu Moreira.
Leia a reportagem completa abaixo:
Personagem Soja Brasil
Todos os anos o Projeto Soja Brasil promove um concurso que visa valorizar pessoas envolvidas na cadeia produtiva do grão e que possuem uma contribuição decisiva para o desenvolvimento e a história da soja no país: o Personagem Soja Brasil.
Para ajudar nesta tarefa, o Canal Rural convidou os seus parceiros, patrocinadores e apoiadores para ajudar na indicação dos personagens referência em suas comunidades, divididos em duas categorias: produtores e pesquisadores.
A votação foi aberta durante a Abertura Nacional da Colheita da Soja,que aconteceu em Jataí (GO), dia 23 de janeiro. Confira a história dos participantes e clique no link abaixo para votar!
Biológicos ganham espaço dos químicos
Um das principais cobranças em relação a agricultura moderna está relacionado ao uso de agroquímicos. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Adeney Bueno, a pressão não vem apenas da opinião popular, mas também do aumento da resistência de doenças e pragas aos defensivos agrícolas atuais e a perda de eficiência do controle. O curioso é que a solução para este problema, pode estar justamente em uma técnica bastante antiga: o uso do controle biológico.
“O controle biológico é um fenômeno natural que consiste na regulação de plantas, animais e doenças, por agentes de mortalidade biótica. Isso é algo bastante antigo, lembrando que os chineses já usavam formigas, lá no passado, para controlar outras pragas”, conta Bueno.
Nos últimos anos, o aumento da resistência de pragas e doenças em relação aos defensivos atuais tem feito com que esta alternativa voltasse a ganhar terreno nas lavouras brasileiras. Em 2019, por exemplo, o número de produtos biológicos lançado no país aumentou 126%, chegando a 231.
“Acredita-se que, no mundo, o crescimento deste setor está na ordem de 10% a 20% de por ano. No Brasil, em 2019, foram mais de R$ 500 milhões gastos com controle biológico. Para 2020, estima-se até R$ 800 milhões. Apesar desses montantes serem grandes, eles não passam de 5% do mercado de agroquímicos, que no Brasil deve girar em torno de R$ 30 bilhões”, comenta Bueno.
Leia a reportagem completa abaixo:
Sem taxas ao agro
O agronegócio brasileiro teme que isenções de impostos, como as concedidas pela Lei Kandir, cheguem ao fim com a aprovação da reforma tributária. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) está acompanhando de perto as discussões sobre os textos apresentados no Congresso. “Tributar a matéria-prima é dar um tiro no pé da produção”, destacou o presidente da entidade, Bartolomeu Braz.
Na sequência, foi a vez do presidente da FPA, Alceu Moreira, sair em defesa do setor. De acordo com ele, dizer que o produtor rural é isento de impostos é uma grande falácia.
“Em todos os outros setores, você faz débito e crédito no valor agregado. Mas quando compramos óleo diesel, vem ICMS e não temos para quem repassar. A mesma coisa com telefonia e energia: pagamos e não repassamos. Existem muitos sócios ocultos na lavoura que atrapalham”, disse.
Leia a reportagem completa abaixo:
Boa produtividade
O produtor rural Diogo Sandri, de Jataí (GO), conta que a lavoura cultivada mais cedo foi prejudicada no começo do plantio pela ausência de chuvas, mas não tanto quanto em municípios vizinhos. Segundo ele, essa parte da lavoura deve render entre 57 e 60 sacas por hectare. “As próximas estão melhores. Estamos bastante animados e acreditando que vamos colher bem”, afirma.
Olinto Sandri, proprietário da fazenda Calhandra e pai de Diogo, cultiva a oleaginosa há 60 anos. “Conheci a soja com seis ou sete anos. Hoje, com mais tecnologia e insumos, temos resultados maiores”, diz.
Colaboraram para a reportagem: José Florentino, Francielle Bertolacini, Kenia Santos, Fabio Santos, Daniel Popov.