Índice de Confiança do Agronegócio é o maior da história, dizem entidades

24/11/2020


De acordo com a Fiesp e CropLife Brasil, o avanço se deu com a perspectiva de que a economia estava se recuperando dos efeitos da pandemia.

O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) fechou o terceiro trimestre de 2020 no nível mais alto da série histórica, informaram a  Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil, nesta terça-feira, 24.

O indicador fechou o trimestre julho-setembro em 127 pontos, alta de 15,3 pontos em relação ao trimestre anterior. Segundo a metodologia do estudo, resultados acima de 100 pontos demonstram otimismo no setor, e abaixo deste patamar, pessimismo.

“Em setembro, quando foram realizadas as entrevistas para o índice, crescia a percepção de que problemas causados pela Covid-19 no país estavam sendo superados e a melhora da percepção sobre a economia brasileira reforçou a confiança no agronegócio”, informam as entidades.

A melhora na confiança não foi uma exclusividade do setor. Neste período houve uma recuperação do entusiasmo em praticamente todos os segmentos econômicos, em comparação com o trimestre anterior, como o comércio, a construção civil e a indústria.

“A percepção do mercado em geral para o PIB brasileiro em 2020 chegou ao ponto mais baixo em abril e, desde então, vem sucessivamente sendo corrigido para cima, a partir de indicadores melhores do que os inicialmente projetados”, observa Roberto Betancourt, diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp.

Entretanto, Betancourt ressalta que é fundamental ponderar sobre uma tendência de instabilidade nos fatores que influenciam o cenário econômico, o que pode interferir na decisão para as próximas tomadas. “As entrevistas foram concentradas em setembro, e não havia no radar a possibilidade de uma segunda onda da Covid-19 no país, o que atualmente desponta como uma preocupação. Caso confirmado, isso pode afetar de forma negativa os negócios e a confiança na economia”, avalia.

Indústrias

Segundo o levantamento, o Índice de Confiança das Indústrias do agronegócio manteve a trajetória de crescimento iniciada no trimestre anterior, com alta de 13,8 pontos chegando a 122,9. A confiança das empresas de insumos agrícolas aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo, saindo do pessimismo observado no primeiro trimestre (86,2 pontos) para 122 pontos no atual levantamento.

“As relações de troca por insumos estavam em bons patamares para os produtores rurais, estimulando a negociação antecipada de fertilizantes e de parte dos defensivos não só para a safra atual como também para a próxima temporada.”, avalia Christian Lohbauer, presidente Executivo da CropLife Brasil.

“Por outro lado, em alguns momentos do trimestre anterior a desvalorização do real chegou a dificultar o andamento da comercialização de insumos. Caso o câmbio permaneça alto poderá dificultar os planos das empresas desse setor em 2021”, diz Lohbauer.

Depois da porteira

A confiança das indústrias situadas depois da porteira foi outro segmento que apresentou alta de 10,9 em seu índice, fechando em 123,3 pontos. Muitos aspectos que já haviam contribuído para a alta desse índice no trimestre anterior continuaram a ter influência positiva.

“As exportações seguiram crescendo em vários segmentos. É o caso da indústria de carnes, que vem sendo puxada também pela grande demanda do mercado chinês. No setor sucroalcooleiro, os preços do açúcar também apresentaram uma trajetória de recuperação no exterior. A demanda de etanol no mercado interno também melhorou, acompanhando a retomada do consumo de combustíveis após a flexibilização em vários estados e municípios brasileiros”, diz Betancourt.

Produtor agropecuário

Em relação aos produtores agropecuários, o índice fechou o terceiro trimestre em 132,7 pontos, com alta de 17,5. A percepção a respeito das condições do próprio negócio melhorou devido a uma série de aspectos, como o aumento dos preços dos produtos agropecuários e a disponibilidade de crédito.

Agricultor

A confiança do produtor agrícola subiu 16,5 pontos no trimestre, atingindo 133,4 e superando o recorde anterior, do final do ano passado. “Os preços dos principais produtos agrícolas estavam em trajetória de alta, como foi o exemplo da soja e do milho, ou se recuperando, como nos casos do açúcar e do algodão. Não houve problemas relacionados à liberação do crédito rural, cujos desembolsos para as principais culturas de janeiro a setembro cresceram 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Vale lembrar que no primeiro semestre deste ano chegou a haver alguma preocupação relacionada à liquidez desses recursos”, observa Lohbauer.

Pecuarista

Assim como no caso dos produtores agrícolas, a percepção a respeito dos preços, do crédito rural e da produtividade influenciou a alta de 20,4 do índice dos produtores pecuários, registrando 130,7 pontos. Tanto o boi gordo quanto o leite mantiveram-se em alta nos últimos meses.

Por outro lado, Betancourt alerta que “apesar da expressiva melhora nas perspectivas do agronegócio para a economia brasileira, existem preocupações em relação as reformas, tanto na esfera estadual, quanto na federal. A reforma tributária do estado de São Paulo é um exemplo que materializa essa preocupação, já que resultou no aumento da carga tributária do agronegócio, em todos os seus elos, para compensar o déficit nas contas públicas. Isso, sem dúvida, pode afetar o otimismo do setor no futuro”.

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