Milho tem momento de mercado forte no Brasil com preços altos motivados pela demanda intensa nos portos e no interior
07/10/2019
Demanda interna muito forte aliada à exportações recordes, e com lineup ainda forte para as próximas semanas mantém as cotações sustentadas nos portos, no interior e no mercado futuro brasileiro. Em Paranaguá, valores na casa de R$ 40/saca, com bons negócios sendo efetivados.
O mercado brasileiro de milho vive agora um momento bastante importante e de preços altos e demanda forte. Tanto na exportação, quanto no interior do país, as cotações têm consistente suporte e essa ainda é a perspectiva á frente diante do potencial do Brasil neste setor, segundo explica o pesquisador da área de grãos do Cepea, André Sanches.
O setor de proteína animal é o que tem dado mais força à demanda interna, com uma presença também expressiva nas exportações. Os produtores de frango e suínos no país tem visto boas oportunidades nas vendas externas e aproveitado-as de forma muito eficiente. Os volumes exportados cresceram não só entre os granjeiros, mas entre todas as carnes brasileiras.
Na exportação, os volumes comprometidos de milho também impressionam. “Nunca o Brasil exportou tanto milho e o line-up está bastante aquecido” diz Sanches, falando em algo em torno de 4 milhões de toneladas para as próximas semanas. Em todo o acumulado do ano, porém, já foram exportadas 30 milhões de toneladas do cereal.
“O Brasil tem chamado bastante atenção dos players internacionais, principalmente por conta de uma série de incertezas sobre o mercado norte-americano, e no mercado internacional como um todo. E no Brasil, conseguimos produzir uma safra recorde, e com qualidade. Essa maior disponibilidade atraiu o comprador interno e, ao mesmo tempo, tivemos preços mais competitivos”, explica o pesquisador.
Mais do que bom preços, o mercado brasileiro tem efetivado também bons negócios, tanto no produto disponível, quanto na safra de verão e também na safrinha 2020, apesar de algumas incertezas que também rondam a segunda safra do ano que vem.
O atraso que já pode ser sentido no plantio da soja em algumas regiões inspira algumas especulações sobre um comprometimento da janela ideal para a semeadura da safrinha. Essa acaba também se tornando um fator de suporte para as cotações, e de extrema atenção de todos os agentes do mercado neste momento.
“Mas é importante ressaltar que ainda estamos no início. Ainda há muita coisa para acontecer, e é esperado que a situação se regularize na segunda quinzena (de outubro), estão todos esperando essas chuvas”, diz. E mesmo diante disso, ainda segundo Sanches, já há estados com aproximadamente um terço de sua safrinha comercializada, aproveitando os bons preços. “Temos visto um bom volume de negócios acontecendo já para os próximos meses”.
NEGÓCIOS
Como orienta o pesquisador do Cepea, o importante é o produtor – e todos os demais agentes do mercado – continuem a acompanhar essa questão do clima, que pode ainda tarzer impactos relevantes para a formação dos preços e ao andamento dos negócios.
“Acho que o mercado futuro, como um todo, abre uma série de oportunidades em termos de preços para os próximos meses, principalmente, via Bolsa de Valores. Tivemos patamares acima dos R$ 40, R$ 41,00 para o próximo ano, e são preços que o produtor tem que estar atento, sobre travamentos, se protegendo de oscilações futuras”, diz.
E nesta segunda-feira (7), as cotações do milho continuam a subir na Bolsa de Chicago, bem descoladas do mercado internacional. Os ganhos variavam entre 0,25% e 1,22% nos contratos mais negociados, com referências entre R$ 40,49 e R$ 41,60 por saca.
Além dos fundamentos positivos do mercado, os preços do cereal são ainda beneficiados pela alta do dólar neste início de semana. A moeda americana, no início da tarde de hoje, tinha pequeno avanço de 0,67% para ser cotada a R$ 4,08.